Mítico (por Adalberto Paulo Klock)
Publicado em: 18/02/2020

Mítico
Semana passada falamos sobre autodestruição, recordando ser, na sociedade, sua principal causa a crença mítica, sem fundamento científico. Em Três de Maio ocorreu exemplo: a OAB lamenta ficar a Comarca sem juiz (as duas juízas foram promovidas, mas há substitutos). A nota diz: a comarca irá parar. E acrescentava, depois retificado, só não pararia por existir hoje o processo eletrônico, não dependente de carimbo e numeração de páginas pelos servidores. É o evidente endeusamento dos juízes pelos advogados. E o endeusamento, o misticismo, sempre foi e é fruto do desconhecimento e da falta de auto senso cívico ou de cultura, creditando às entidades valores incompatíveis com o real. Tirem os servidores dos fóruns e nada, absolutamente nada funcionará, sequer os gabinetes dos magistrados.
Yuval Harari diz não existir uma teoria pacífica sobre a vassalagem, ou o domínio de uns sobre um grande número de outros, inclusive mais fortes até. Cita exemplo dos negros, muito mais fortes e numerosos que seus senhores; os guerreiros medievais, muito mais fortes que os reis, na maioria das vezes velhos e decrépitos. Então, o que produz a crença, o mítico e a obediência ao mítico? Para nós, é nossa sempre renovada crença no salvador da pátria, na idolatria do topo, valorizamos apenas este, e desvalorizamos, por desconhecer a importância, a todo o resto, onde nos incluímos. O Estado Democrático de Direito é o estado onde todos são iguais, mas aparentemente nem os advogados acreditam nisso.
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Levar tudo
Na falta de capacidade de compreensão democrática, ou de histórico próprio de democracia, devemos procurar seguir exemplos de outros povos, de outras histórias onde já se tenha vivenciado experiências produtivas.
Não que, para esse articulista, os Estados Unidos sejam exemplo de Nação, mas é inegável: alcançaram o poder mundial. Eles viveram experiências buscando o melhor ajuste no interesse da nação. Há muito eles aplicavam, na gestão de governo, o sistema conhecido como “quem ganha leva tudo”, ou seja, o vencedor na eleição poderia mudar toda a gestão pública, trocar todos os cargos de chefia e direção, tornando a máquina pública sua imagem.
Ocorre que esse sistema, nos Estados Unidos, produzia a ruptura institucional a cada troca de governo (presidente), esfacelando a máquina pública. Mas por serem pragmáticos, uma grande qualidade, logo perceberam que o sistema era ruim ao país, alterando-o. Hoje o presidente que assume, pouco pode fazer de mudanças governamentais, pois as funções são por tempo que não fecham com a do presidente. E troca inusitada ou arbitrária de alto escalão nos USA é sempre traumático, especialmente ao presidente.
Já aqui ninguém se incomoda de destruir a máquina pública. O sistema do “quem ganha leva tudo” até hoje ocorre. O presidente troca quase dez mil Cargos em Comissão ao tomar posse. É a destruição e refundação da república a cada quatro anos. E isso sem qualquer dano à imagem do presidente.
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Troca de partido
Já referi, o mais importante não é o candidato, mas sim o partido. Exemplo clássico é escolher um candidato a proporcional (vereador ou deputado) e ele não se eleger. O voto dado vai ao partido e contará a outro candidato daquele partido. Portanto, cuidado ao votar, o voto sempre deve seguir a lógica de primeiro escolher o partido e depois o candidato. Caso não faça assim, incorrerá em erro que aqui já expliquei (https://www.revistafinal.com/index.php/colunista/1056-a-solucao-e-politica).
O mais espantoso é ver político trocando de partido por não se sentir confortável em sua sigla, por dizer estar envolvida em corrupção, e vai para partido como o MDB ou o PP, partidos conhecidos como os mais c
Corruptos do Brasil, e isso que o PP é um partido minúsculo na projeção nacional, existindo com resistência em apenas alguns estados da federação. Vai entender? Semana que vêm tentarei explicar o motivo disto, pois envolve a grande mídia e a mentira.
*Adalberto Paulo Klock é servidor público.